quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Algumas verdades

Quando comecei este blog, eu pensei muito no que queria fazer. A primeira ideia era falar sempre o que pensava, a verdade pura e simples. Este é um blog pessoal, e falar a verdade por mais estranha que seja é lei para mim. Mesmo que vá ser alvo de críticas, de comentários maldosos ou coisa parecida.

Invejo quem consegue abstrair e dizer "as críticas das pessoas não me afetam. Fo***-se!". Eu não sou assim. Sou uma pessoa sentimental e muito sensível, a falta de educação e decência de muitos me adoece. Ao montar este blog, montei primeiramente visando a mim mesma, depois pessoas que como eu gostam do lado obscuro da vida, e depois os demais que se interessam pelo assunto. Se a primeira leitora sou eu, preciso pensar no que gostaria de ler num blog. A verdade, para começo de conversa. Não fugir de polêmicas, mas discutir como pessoas evoluídas. Manter a sanidade num mar de influências.

Sei também que mostrar quem eu sou na net implica em abrir o meu mundo particular, onde qualquer um se achará em direito de entrar. Sinto muito - você poderá olhar pela janela. Mas entrar não. O que tem dentro do meu interior é um conjunto de longas histórias, que em alguns momentos até vou te contar. Mas como elas refletiram em mim é algo exclusivo - então quem chegar aqui e ler este blog deve ter em mente seus próprios julgamentos. Muitos que vão chegar aqui vão dizer "ela não é alternativa! ela não é dark o suficiente!". Mas isso é algo que estou construindo agora, e venho construindo a anos. Sempre haverá alguém com mais entendimento a dizer algo. Eu aceito numa boa, se for construtivo.

Por fim, algo que achava que não faria diferença vai fazer uma enorme diferença. Sou sincera em afirmar que a Sana, do MdS, é quem me deu o sinal de que este pequeno fato faria um impacto enorme neste blog. O fato de eu ter deficiência física. 

Minha deficiência veio graças a uma crise de Guillain Barré, em 2012. O processo foi grave, e quando saí do hospital não mexia quadris nem pernas, não me sentava, não conseguia escrever nem pegar uma colher. Eu fui me recuperando com fisioterapia e persistência (e dor, muita dor). Não me considero excepcional por ter conseguido - eu fiz o que qualquer um faria naquela situação. De todo meu corpo, pés e mãos foram os mais afetados. Não sinto o pé direito, do tornozelo para baixo, e o pé esquerdo e as duas mãos também tiveram comprometimentos. Eu uso uma órtese no pé para caminhar, pois ela me permite "sentir o chão". 

Se já não é fácil a vida de quem tem deficiência, mais difícil deve ser para quem é alternativo. O inverso é muito complicado também. Eu espero que com este blog possa mostrar como é viver neste universo, sem grandes pretensões. Até então eu já tinha um rol de histórias, boas e ruins, ligadas a minha deficiência. Mas nunca imaginei que seriam interessantes a um blog alternativo, até perceber o quanto é raro ver deficientes na cena. Lembro de ir no bar de metal rock e nunca ver - no máximo uma perna fora de uso por tempo limitado. Eu lembro como algumas figuras mais raras se destacavam, como uma menina albina (embora não sejam deficientes, são raros na população). Em um mundo que pregava "vamos ouvir rock e curtir sem dar trela a rótulos!" os papéis delimitados eram grandes e limitadores.

Continua...


Carpe diem, carpe noctem, finis est initium.


2 comentários:

  1. Blogs pessoais são pra gente se expressar mesmo e eu também sou uma pessoa bem sensível, mas ao mesmo tempo aprendi a apertar o "phoda-se" senão eu não ia viver e me expressar plenamente. Ia estar sempre "presa" ao que os outros pensam. Se libertar é difícil, até hoje não consegui completamente, é um exercício diário pra mim, na verdade.

    Eu penso que o seu diferencial pode ser um exemplo, porque quantas meninas por aí também não são o padrão social exigido de perfeição e estão enfurnadas em seus quartos neste momento, lendo blogs de meninas lindas e perfeitas e se sentindo cada vez piores por não terem aquela perfeição?? Eu sei que soa um pouco defensora dos fracos e oprimidos, mas eu sou assim, eu sou muito empática. Eu sou alternativa e sou minoria e sei a pressão emocional que sofro por não me encaixar e imagino que estas meninas que não se encaixam de outras formas também sofram.

    Já comentei no Diva da falta de blogs alternativos nacionais de meninas mais "reais", imperfeitas, a gente entra na web e parece que só tem menina que vive em mundo paralelo! Por isso me inspiro em algumas estrangeiras porque seus blogs são mais reais que de muitas brasileiras!
    Cada pessoa é única e você também é assim como seu espaço vai ser!!

    Bjs!! <3

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  2. Hey Sana!
    Puxa, que comentário legal! Fiquei feliz!
    Sabe, estes blogs de meninas perfeitas me dão arrepios. Muitas delas montam blogs por procurarem um lugar onde possam ser elas mesmas, mas com o tempo a cobrança vem, e sabemos como o ser humano pode ser cruel.
    Espero poder me manter firme nas minhas convicções e manter este blog um retrato fiel do que eu penso.
    Brigada pela visita! Venha sempre!

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Adoro comentários e críticas construtivas!

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