Existe uma rádio aqui de Curitiba, chamada Ouro Verde, que é chamada de "easy", porque toca músicas leves, suaves, lights. Uma rádio de dentista, digamos assim (risos).
Bom, quando eu saía da aula de tarde e iam me buscar, o rádio sempre estava nesta emissora. E como eram umas 17:30, 18:00, entrava o momento espírita, onde tinha mensagens de cunho espiritual. Eu não lembro exatamente qual, mas lembro que começava sempre com uma oração, que dentre outras coisas, dizia:
"Lembre-se que ninguém é melhor e ninguém é pior do que você".
E os anos passaram, e eu registrei aquilo. Mas lembrar é uma coisa, praticar é outra. Tentava não me cobrar, não me comparar. Mas quando se é jovem, inexperiente, é fácil fazer da forma errada. Como não querer ser melhor do que o outro, se todos os dias nos empurram esta forma de pensar? Anos passam, depressão, pensamentos suicidas, vida desgarrada, choro no travesseiro lamentando solidão.
Até que um dia, lendo sobre o anime Sakura Card Captor, encontrei um artigo sobre o Kaizen. No anime, Sakura é uma menina disposta até o mais do próprio limite, para ajudar seus amigos e fazer o que é certo. Li que esta filosofia do anime se baseava no Kaizen.
"Para o Kaizen, é sempre possível fazer melhor, nenhum dia deve passar sem que alguma melhoria tenha sido implantada, seja ela na estrutura da empresa ou no indivíduo (...). Uma analogia conhecida é a de uma história chamada "O Tesouro de Bresa", na qual um pobre alfaiate compra um livro com o segredo de um tesouro. Para descobrir o segredo, ele tem que decifrar todos os idiomas escritos no livro. Ao estudar e aprender estes idiomas, começam a surgir oportunidades, e ele lentamente (de forma segura) começa a prosperar. Depois, é preciso decifrar os cálculos matemáticos do livro. É obrigado a continuar estudando e se desenvolvendo, e a sua prosperidade aumenta." (Fonte)
Mais do que uma filosofia empresarial, o Kaizen é uma filosofia de vida. Para os japoneses, todo dia você deve se esforçar para ser melhor do que era ontem. Há comparações entre indivíduos? Infelizmente sim, afinal eles são humanos. Mas a grande meta não é essa. É ser melhor do que você era ontem.
Tá e daí?
Daí que eu olhei no espelho e vi alguém. Alguém que viveu muita coisa, que se entregou de corpo e alma em todos os relacionamentos, que quebrou a cara e se arrependeu muitas vezes. Mas que aprendeu muito, e hoje sabe o que busca, sabe seus defeitos e qualidades, sabe onde pode chegar e o ritmo. Eu melhorei como pessoa, dia após dia, e não parei por aqui. Se hoje tenho a segurança de assumir meu lado dark, de dizer não quando preciso, de sorrir para quem está no espelho, de me sentir bem quando sozinha, é porque sei que estou evoluindo.
Não há evolução sem ouvir críticas de cabeça aberta. Não há evolução sem pensar com coração e mente juntas numa só. Não há evolução sem olhar para o passado. E eu busco fazer isso todo dia.
Até penso em tatuar o símbolo do kaizen, para não esquecer a lição dele: Existe alguém melhor que você - você no futuro - e existe alguém pior que você - você do passado.
Carpe diem, carpe noctem, finis est initium.
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