Esta não era uma postagem que tinha programado fazer. Mas a
polêmica sobre o tema foi tanta, que não deu para me omitir.
Todos estão sabendo e comentando a
propaganda de esmaltes Risquè, sobre sua linha de esmaltes "Homens que
amamos". A polêmica foi em torno das frases usadas para denominar os
esmaltes.
“Risqué André fez o
jantar”, “Risqué Fê mandou mensagem” e “Risqué Guto fez o pedido” estão entre
as opções da nova linha.
A campanha é criticada nas
redes sociais pela ideia de homenagear as mulheres tentando enaltecer os homens
que “fazem a diferença na vida delas”. Mas na verdade os nomes dos esmaltes
exaltam gestos masculinos corriqueiros como se fossem nobres, o que acabou
sendo percebido como algo ofensivo.
Alguns
consumidores estão defendendo que há muito burburinho em torno da questão,
deturpando o feminismo".
Isso me fez lembrar uma
discussão que tive uma vez com uma amiga de longa data. Ela me contou que ia
adotar o paganismo como religião, porque nela "as mulheres mandam. A
Igreja Católica aprisiona as mulheres, ao adotar um homem - Jesus - como centro
de sua devoção". Eu caí na risada.
"Por que você está
rindo?", me disse zangada. Eu então olhei fundo nos olhos dela e disse
"Por mais que se crie um estereótipo, não esqueça que na Igreja Católica
há presença forte feminina. Esqueceu de Maria, a mãe de Cristo? Maria Madalena?
Ester?". E como eu não queria perder o fio, ainda emendei "o
paganismo prega IGUALDADE dos sexos, com respeito ao matriarcado. Não vá
tirando conclusões, defendendo sem pensar".
É claro que ela ficou mais zangada ainda. Mas fiz com que pensasse a respeito.
Eu não quis tomar partido de nenhum dos dois lados nesta discussão dos esmaltes. Acho que os dois
estão errados.
A questão que acho que é mais velada nesta polêmica é a expectativa. As
mulheres e os homens criam expectativas em seus relacionamentos, e apostam
muitas fichas nelas. E quando temos situações que cumprem as expectativas
(quando o homem faz algo que a mulher aprecia), nos sentimos amados e
acolhidos. E quando não ocorre, nos sentimos mal. A questão é: o que a
propaganda mostrou, de fato? Um estereótipo feminino, um estereótipo masculino
ou um conjunto de ideias sexistas?
Detesto estas coisas...Ideias pré-conceituosas.
“Ah, mas a propaganda homenageia homens por fazerem coisas corriqueiras.
As mulheres não são homenageadas quando fazem o jantar”. Hum, sinto muito dizer,
mas só se for na sua casa. Na minha casa, ensino sempre que INDEPENDENTE de
quem foi para a cozinha, deve ser sempre elogiado o esforço e dedicação. Além
do mais, eu cozinho muito mal. Então é natural que outra pessoa assuma esta
função, homem ou mulher.
“Fulano disse eu te amo”. Em uma sociedade onde demonstrar sentimentos,
DOS DOIS LADOS, está cada vez mais censurado, palmas a quem o fizer. Ou vá
dizer que você nunca ouviu a máxima “não diga a ela que a ama, senão ela vai
montar em você” em algum lugar. E o contrário também acontece!
Eu não defendo nenhum lado aqui. Sinceramente, acho que o ideal era
pensar. Existem propagandas porque existem consumidores. Ou vai me dizer que as
propagandas de cerveja são igualitárias? Não. Mas tem mulheres e homens bebendo
cerveja daquela marca. Uéééé...As mulheres não foram ofendidas? Por que estão bebendo
daquela marca então?
Tu toma S***, amiga? É? Pense de novo.
A marca de lingerie promete fortes emoções com seu homem se você
comprar. Mas vem cá, precisa disso para ter fortes emoções? E quem disse que
tenho um homem? Se quiser comprar para usar PARA MIM MESMA, e aí? Mas tem
mulher comprando. Uéééé...Não era para ter fortes emoções? Mas não teve. E aí?
Adoro ver pessoas mais velhas saindo do lugar comum. Mas tem algo aqui que me incomoda. Precisa usar lingerie bonita para homem? Não para si mesma?
Feromônio que promete fazer o homem se tornar o pegador, ou academias
prometendo te transformar no Hulk, para pegar mulher. O homem precisa estar com
uma mulher? Precisa ser todo bombado? Quer usar aquele hormônio? Não, mas tem
homem virando escravo dos halteres e solteiro. Uéééé...Qual o problema? Dele?
Da academia? Dos outros? Existe um
problema?
Por que toda propaganda de cueca só tem modelos? Adorei esta ideia de propaganda aqui.
Que mulheres não gostem de flores, e seja natural. Eu não gosto de
buques, acho desperdício de plantas bonitas! Que homens gostem de patinação
artística, sem se sentir amedrontados. Conheço quem goste, e garanto que não
tem nada demais (meu pai e meu avô apreciam. E daí?). Que mulheres possam
receber dos maridos kits de ferramentas e isso não seja “louvável”, seja algo
comum! Que homens possam ganhar kits de perfumes e produtos corporais e não se
sintam diminuídos por isso, nem seja algo “ooooooohhh”. Seja algo normal!
Capricho com o corpo, com o espírito e com a alma deveria ser regra A
AMBOS OS SEXOS. Todo mundo gosta de ver uma pessoa que capricha consigo mesmo
porque se ama. E, cá entre nós, esmalte é algo do universo feminino, poucos
homens usam. Esmalte, batom, perfumes, saltos, deveriam ser usados por opção,
não por obrigação, a ambos os sexos! Já viu homem usando saltos? Não. Pois é.
Mas quem inventou os saltos foi um homem!
Estou cansada de brigas entre facções feministas e machistas,
francamente. Deveria ter uma briga por IGUALDADE!!! Além do mais, muitos
reclamam que a igualdade é utopia. Pensa comigo: esta luta ocorre desde de 1920,
assumidamente, até hoje. 94 anos. A humanidade tem 10.000 anos antes de Cristo
(se considerar o início como cultura agrícola). Ou seja, a humanidade tem
12.015 aninhos. São 11921 anos na mesma forma de pensar. São aproximadamente 119
séculos!!! Fizemos um avanço enorme!!! Paciência é uma virtude necessária!
E mais um detalhe: ninguém pensou que a Risquè e sua empresa de
publicidade fez de propósito para atrair mais visibilidade? Afinal, nada melhor
que uma boa polêmica para ir para no Top Trends. Não é a primeira polêmica envolvendo empresas de esmalte, e a Risqué já entrou nessa aqui (e mandou bem) e aqui, só para relembrar (tenho ótima memória para empresas polêmicas). Isso vende. E muito.
Carpe diem, carpe noctem, finis est initium.
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