quinta-feira, 26 de março de 2015

Plantão CGL: Risque - verniz machista? Propaganda ruim? Ou algo mais?

Esta não era uma postagem que tinha programado fazer. Mas a polêmica sobre o tema foi tanta, que não deu para me omitir.
Todos estão sabendo e comentando a propaganda de esmaltes Risquè, sobre sua linha de esmaltes "Homens que amamos". A polêmica foi em torno das frases usadas para denominar os esmaltes. 

“Risqué André fez o jantar”, “Risqué Fê mandou mensagem” e “Risqué Guto fez o pedido” estão entre as opções da nova linha.
A campanha é criticada nas redes sociais pela ideia de homenagear as mulheres tentando enaltecer os homens que “fazem a diferença na vida delas”. Mas na verdade os nomes dos esmaltes exaltam gestos masculinos corriqueiros como se fossem nobres, o que acabou sendo percebido como algo ofensivo.
Alguns consumidores estão defendendo que há muito burburinho em torno da questão, deturpando o feminismo".

Isso me fez lembrar uma discussão que tive uma vez com uma amiga de longa data. Ela me contou que ia adotar o paganismo como religião, porque nela "as mulheres mandam. A Igreja Católica aprisiona as mulheres, ao adotar um homem - Jesus - como centro de sua devoção". Eu caí na risada.
"Por que você está rindo?", me disse zangada. Eu então olhei fundo nos olhos dela e disse "Por mais que se crie um estereótipo, não esqueça que na Igreja Católica há presença forte feminina. Esqueceu de Maria, a mãe de Cristo? Maria Madalena? Ester?". E como eu não queria perder o fio, ainda emendei "o paganismo prega IGUALDADE dos sexos, com respeito ao matriarcado. Não vá tirando conclusões, defendendo sem pensar".
É claro que ela ficou mais zangada ainda. Mas fiz com que pensasse a respeito.

Eu não quis tomar partido de nenhum dos dois lados nesta discussão dos esmaltes. Acho que os dois estão errados.
A questão que acho que é mais velada nesta polêmica é a expectativa. As mulheres e os homens criam expectativas em seus relacionamentos, e apostam muitas fichas nelas. E quando temos situações que cumprem as expectativas (quando o homem faz algo que a mulher aprecia), nos sentimos amados e acolhidos. E quando não ocorre, nos sentimos mal. A questão é: o que a propaganda mostrou, de fato? Um estereótipo feminino, um estereótipo masculino ou um conjunto de ideias sexistas?


Detesto estas coisas...Ideias pré-conceituosas.

“Ah, mas a propaganda homenageia homens por fazerem coisas corriqueiras. As mulheres não são homenageadas quando fazem o jantar”. Hum, sinto muito dizer, mas só se for na sua casa. Na minha casa, ensino sempre que INDEPENDENTE de quem foi para a cozinha, deve ser sempre elogiado o esforço e dedicação. Além do mais, eu cozinho muito mal. Então é natural que outra pessoa assuma esta função, homem ou mulher.

“Fulano disse eu te amo”. Em uma sociedade onde demonstrar sentimentos, DOS DOIS LADOS, está cada vez mais censurado, palmas a quem o fizer. Ou vá dizer que você nunca ouviu a máxima “não diga a ela que a ama, senão ela vai montar em você” em algum lugar. E o contrário também acontece!

Eu não defendo nenhum lado aqui. Sinceramente, acho que o ideal era pensar. Existem propagandas porque existem consumidores. Ou vai me dizer que as propagandas de cerveja são igualitárias? Não. Mas tem mulheres e homens bebendo cerveja daquela marca. Uéééé...As mulheres não foram ofendidas? Por que estão bebendo daquela marca então?

Tu toma S***, amiga? É? Pense de novo.

A marca de lingerie promete fortes emoções com seu homem se você comprar. Mas vem cá, precisa disso para ter fortes emoções? E quem disse que tenho um homem? Se quiser comprar para usar PARA MIM MESMA, e aí? Mas tem mulher comprando. Uéééé...Não era para ter fortes emoções? Mas não teve. E aí?

Adoro ver pessoas mais velhas saindo do lugar comum. Mas tem algo aqui que me incomoda. Precisa usar lingerie bonita para homem? Não para si mesma?

Feromônio que promete fazer o homem se tornar o pegador, ou academias prometendo te transformar no Hulk, para pegar mulher. O homem precisa estar com uma mulher? Precisa ser todo bombado? Quer usar aquele hormônio? Não, mas tem homem virando escravo dos halteres e solteiro. Uéééé...Qual o problema? Dele? Da academia? Dos outros? Existe um problema?

Por que toda propaganda de cueca só tem modelos? Adorei esta ideia de propaganda aqui.

Que mulheres não gostem de flores, e seja natural. Eu não gosto de buques, acho desperdício de plantas bonitas! Que homens gostem de patinação artística, sem se sentir amedrontados. Conheço quem goste, e garanto que não tem nada demais (meu pai e meu avô apreciam. E daí?). Que mulheres possam receber dos maridos kits de ferramentas e isso não seja “louvável”, seja algo comum! Que homens possam ganhar kits de perfumes e produtos corporais e não se sintam diminuídos por isso, nem seja algo “ooooooohhh”. Seja algo normal!

Capricho com o corpo, com o espírito e com a alma deveria ser regra A AMBOS OS SEXOS. Todo mundo gosta de ver uma pessoa que capricha consigo mesmo porque se ama. E, cá entre nós, esmalte é algo do universo feminino, poucos homens usam. Esmalte, batom, perfumes, saltos, deveriam ser usados por opção, não por obrigação, a ambos os sexos! Já viu homem usando saltos? Não. Pois é. Mas quem inventou os saltos foi um homem!

Estou cansada de brigas entre facções feministas e machistas, francamente. Deveria ter uma briga por IGUALDADE!!! Além do mais, muitos reclamam que a igualdade é utopia. Pensa comigo: esta luta ocorre desde de 1920, assumidamente, até hoje. 94 anos. A humanidade tem 10.000 anos antes de Cristo (se considerar o início como cultura agrícola). Ou seja, a humanidade tem 12.015 aninhos. São 11921 anos na mesma forma de pensar. São aproximadamente 119 séculos!!! Fizemos um avanço enorme!!! Paciência é uma virtude necessária!

E mais um detalhe: ninguém pensou que a Risquè e sua empresa de publicidade fez de propósito para atrair mais visibilidade? Afinal, nada melhor que uma boa polêmica para ir para no Top Trends. Não é a primeira polêmica envolvendo empresas de esmalte, e a Risqué já entrou nessa aqui (e mandou bem) e aqui, só para relembrar (tenho ótima memória para empresas polêmicas). Isso vende. E muito.

Carpe diem, carpe noctem, finis est initium.

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