O ano era 1994. Tinha acabado de mudar para Curitiba, uma cidade cheia de coisas diferentes, influencias de inúmeros imigrantes que tinham se mudado para o Brasil. Não sei como cheguei a ver pela primeira vez, mas lembro o impacto que senti ao ver. Na extinta Rede Manchete, uns desenhos e seriados que nunca tinha ouvido falar. Umas meninas vestidas de roupa de marinheiro, uns garotos lutando em armaduras, cabelos coloridos. Uma vilã usando uma espécie de roupão grande e florido. Robôs gigantes. Que era aquilo? Não despregava mais da TV.
Nascia ali meu amor pelo Japão, pelos animes e
mangás, pelos tokusatsus. Pela cultura oriental asiática, que conheci depois
melhor e passei a incluir também a China e a Coréia. As roupas, os jeitos de
falar, as maneiras de se expressar, suas histórias eram o que mais me
fascinavam. Por que era tudo tão diferente e exótico?
Fui na biblioteca pesquisar (sem internet naquela
época) e vi lindas fotos de mulheres maquiadas e penteadas parecendo quase de
porcelana, as gueixas. Quimonos, garças, sakuras. Bordados requintados e
cerimônias de chá.
Quis me vestir daquele jeito. Ser daquele jeito.
Havia uma sensualidade, um mistério e uma dignidade
implícitos naquelas mulheres, algo respeitoso mas fascinante, restritivo mas
gracioso. Queria ser uma gueixa também. Mas não havia nada para comprar que se
achasse fácil, e mesmo que tivesse não conseguiria usar. Fiquei na vontade.
Veio então 1999, e com ele Madonna e seu clipe
“Nothing Really Matters”. Ali estava uma nova visão doe quimono e das gueixas,
sombrio e contemporâneo. Fiquei apaixonada na hora, não pela música, mas pelo
visual. Um quimono de vinil preto! Lembro de ver uma revista adolescente
ensinando como fazer um obi, o
“cinto” que mantém o quimono preso e no lugar. Improvisei e fiquei pra lá e pra
cá com meu obi, falando “arigato”
para todo mundo. Mas logo parei com isso, para não ser motivo de chacota
(crianças são terríveis quando querem).
Fotos de Madonna por conta do lançamento do clipe. A inspiração para este clipe veio de um livro, que se tornaria um filme famoso e vencedor de vários Oscar. Sabe qual é?
A vontade ficou lá, latente, até 2005.
Continua...
Carpe diem, carpe noctem, finis est initium.
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