segunda-feira, 27 de julho de 2015

Quem não tem cão, caça com gato

Quando faço pesquisas para minha pasta de inspirações, eu sempre procuro looks com as marcações Corporate Goth, Business Goth, ou Goth in office. Mas ao mudar os marcadores, me surpreendi encontrando visuais que me agradaram em sites de moda...evangélica!

Discussões religiosas a parte, eu separei vários looks para mostrar e discutir aqui. Talvez pelo recato comum a elas ou por código exigido em algumas igrejas, algumas evangélicas tem regras em vestir que se encaixam bem nas regras dos ambientes corporativos formais: nada de saias curtas, calças muito justas sem cobrir o quadril, pouco decote, evitar alcinhas e lingerie a mostra, dentre outros. Assim, criou-se o termo moda "executiva", para definir roupas de ar mais social e formal, que servem tanto a evangélicas quanto a profissionais; e moda evangélica para visuais mais casuais e descontraídos.

A questão que me surpreendeu foi a restrição para compra. Para chegar a estes visuais, a estas fotos, foram diversas buscas. Os preços são convidativos - bem diferentes de roupas executivas de shoppings centers - e muitas são made in Brazil. Os tamanhos também são atraentes, você consegue encontrar peças maiores. Mas demorei a achar estas lojas. Acredito que muitas mulheres que precisam ou querem se vestir usando este estilo não fazem ideia que ele está disponível nestes locais! Ao menos, eu não sabia.

Como todo alternativo sabe, adaptar o olho e o visual é essencial. Não sobreviveríamos sem isso. Então vou colocar looks aqui e comentar o que eu faria para quebrar a rigidez e deixar mais do meu gosto. As imagens são do Google imagens e os sites respectivos estão listados mais abaixo :)

O que mudaria: só a finura dos saltos. O visual inteiro me agradou.

O que mudaria: trocaria a jaqueta branca por uma de couro preto, mesmo modelo. O sapato também não me agradou. Acho que substituiria por uma bota.

Primeiro: que mulher bonita! Segundo: só acrescentaria acessórios com mais metais e correntes. O vestido está ótimo.

Aqui tenho um look quase igual. Acrescentaria um camafeu, uma bolsa preta e uma meia opaca.

Outro que colocaria mais spikes e correntes, mas que me agrada assim. Uma meia escura também faz diferença.
  
Linda blusa. Com saia longa e coturnos, fazendo um estilo medieval. 
  

Usaria exatamente como está. Só acrescentaria a meia escura. 


Bela camisa para um visual dandi, com uma calça cinza de alfaiataria e um colete combinando. 

Trocaria o sapato e a bolsa, ambos escuros. Mas veludo devorê é amor, então não mudaria nadinha.

Eu usaria com meias arrastão e uma bolsa estilo anos 60 preta 

Além da cor rosa - passaria a um azul escuro ou vinho - o colar: substituiria por um de spikes, ou com engrenagens, uma abordagem steampunk, por que não?

A discussão que quero propor (já que já enfureci algumas mulheres até aqui, estou prevendo) é esta: temos lojas alternativas no Brasil, mas modelagens mais fechadas, mais formais, são mais difíceis de achar. Sempre procuro aqui no Brasil, mas não acho alfaiataria ou visuais mais sóbrios, e quando existem são pequenos. Até camisas estou com esta dificuldade de encontrar, e não só aqui! Os tamanhos não me servem! Acabei comprando em lojas de departamento e customizando ou mandando fazer. Encontrar peças em lojas de roupa evangélica para mim está se mostrando boa opção. 

Posts com dicas, como este, este e este são ótimos. Percebam que os Corp Goth são mais estrangeiros. Isso me chateia um pouco. Afinal, por que aqui no Brasil as lojas alternativas acreditam não ter público para este estilo? A discussão nunca termina, e por mais que eu junte pilhas e pilhas de fotos para inspiração, nunca me dou por satisfeita. 

Aqui entro numa questão delicada e já debatida: até onde ir? Até onde amenizar? Até onde exagerar? Se quero representar um determinado estilo (o gótico, em sua versão mais formal), quais os elementos que posso usar? Quais posso adaptar? E quais dispensar sem ficar careta? 
Ainda estou pensando...

Lista de lojas de onde foram copiadas as imagens:
http://cristaechic.blogspot.com.br/
http://nk3modaevangelica.com.br/
http://www.fasciniusmodaevangelica.com.br/
http://www.estrelaevangelica.com.br/
http://www.viaevangelica.com/
http://loja.kauly.com.br/
https://www.soldaterra.net/
http://tendenciaevangelica.com.br/
http://whatkatewore.com/


Carpe diem, carpe noctem, finis est initium.

5 comentários:

  1. Achei interessante essas referências, ainda mais vindo de um mundo tão oposto ao alternativo. Acredito que as lojas alt poderiam sim se inspirar um pouco em uma moda mais formal, até para colocar no campo da escolha: nem sempre é obrigatório ser "montado" a todo tempo sabe? E muita gente não quer sair do estilo ao mesmo tempo que deseja ser mais """""""""normal"""""""" (não achei outra palavra melhor). Curti muito o post Vivien! Beijão.

    http://omeunaoincrivelmundo.blogspot.com.br/

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    1. Que bom que curtiu o post!
      Eu acredito que um dia o Corp. Goth vai ser mais popular por aqui. Vamos torcer!
      Beijos flor!

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  2. Uma pena mesmo não ter nenhuma loja alt nacional com a proposta corporate Vívien! Onde estão as pessoas que curtem esse estilo pra abrir empresas?? Já tivemos uma mas encerrou as atividades uns 5 anos atrás.
    Acho que entre comprar uma saia lápis de uma loja alt e uma saia lápis de uma loja mainstream, as pessoas vão optar pela da loja mainstream por ser mais barata, daí com certeza a loja alt não vai vender e vai entender que não tem público interessado (ou algo do tipo).

    Sobre o exagerar ou representar um estilo, acho que vai da relação de cada um com a moda. Alguns veem moda como algo desimportante, outros como auto expressão. Quem gosta de moda vai querer "se enfeitar" e daí vai facinho pro exagero (no bom sentido) e tem gente que é mais clean.
    Acredito que no caso gótico, o apelo vitoriano, sempre é um fator de diferenciação porque o vitoriano não é muito explorado pelo mainstream (ao menos não nas trends atuais), então, o vitoriano dá o toque austero e ao mesmo tempo alternativo.

    O amenizar acho que vai de cada um. Eu gosto de peças básicas, então posso soar amena em alguns momentos, mas não pra mim porque aquilo também é meu estilo e me sinto representada (ex: blusa preta básica + saia preta evasê).

    Mas acho que o grande lance de nós que gostamos de um estilo específico, é que a gente sabe garimpar. E pra gente não importa onde. Porque esse exercício de enxergar uma roupa x como uma possibilidade de montar um estilo que curtimos é algo que os modistas não tem (ou tem pouco), porque eles combinam peças da moda ou acessam o "como usar" de algum blog e deu.
    Quem como nós já sabe o que gosta, tem uma visão da roupa e da Moda mais ampla. A relação com a Moda é diferente. Eu me vesti a vida toda com roupa de lojas diversas (tenho desde roupa de 10 reais à de 400), mas sempre adaptando ao meu estilo, quem sabe seu próprio estilo vai atrás, não importa onde for comprar. :)

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    1. Ah Sana estava ansiosa esperando sua análise!
      Eu até procurei roupas mais formais em lojas alternativas do Brasil. Aqui, muito poucas, meio parecidas com as que já possuo. Para quem quer começar, tem coisas boas. No exterior tem várias, como as da Queen of Darkness que você mostrou, o blazer mais formal e outros. Mas não achei do meu tamanho! Até entrei na lista de espera, para ver quando aparecem. O preço acho justo, embora seja em dólar, a crise do Brasil não é culpa deles, então o preço está na medida. Se as lojas daqui se inspirassem...
      Quanto representar o gótico no corporativo, eu me inspiro muito na Victorian Kitty. Tem toques vitorianos, como você citou. Estou procurando incorporar mais camafeus, mais renda (difícil porque me coço toda! Hahaha), mais veludo e mais cortes que lembrem o estilo. Mas como ele não está em voga, fica difícil de achar. Camisas, como tinha comentado contigo, só sob medida. O dandismo também é algo que busco - descobri que camisas masculinas me servem melhor que as femininas! - mas em doses mais controladas, pois precisa ter boa qualidade, e alfaiataria masculina é mais dispendiosa.
      Lembro que o vitoriano entrou na moda uma época, junto com as camisas brancas. Comprei pilhas e pilhas. Uma das blusas tenho até hoje. As outras rasgaram e não teve conserto mesmo. Ainda guardo Manequins daquele ano e uso como referência na costureira, mas sempre tem alguma coisa que não dá certo (umas dizem que é muito complexo, outros dizem que a estrutura não ajuda no meu corpo...).
      O amenizar tem me incomodado muito. Não porque eu “amenizo” – afinal, ninguém precisa colocar mil peças se não se sente bem – mas porque não tenho achado algo que fica “eu”. Peças básicas são mais frequentes no meu guarda roupa, mas desconfio que é por medo de ousar mais, de maneira inconsciente. E isso me incomoda bastante. Por outro lado, se colocar o estilo que busco, não é certo que vou me sentir 100% satisfeita. Eu começo a crer que isso tem a ver especificamente com o fazer. Eu quero fazer a minhas peças, e estou sem espaço e conhecimento para tal. Mas pretendo sanar isso logo. Até penso em abrir uma loja, só sob medida, de corp. goth, pela net. Mas preciso de experiência na costura, então vou devagar. ;)
      A questão da roupa hoje tem feito eu pensar muito sobre excessos de compra. Os brechós estão aí, e roupa é algo que muitas vezes não é reciclado. As fast fashion estão me causando verdadeiro horror. Eu estou agora com a meta firme de não comprar mais nada nelas. Remexer na internet até achar lojas que você jamais diria, pela vitrine, que tem algo que nos agrade. Divulgar e levar em consideração qualquer local. Sem receio. Só assim outros vão saber.
      Quem sabe as lojas alternativas, ao ver isso, não começam a se questionar sobre quem estão atingindo e como?
      Beijos e obrigada pelo comentário! :D

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    2. Vívien li os comentários da Myrix e da Ana e acho que gostaria de pontuar... é um MITO pensar que moda alternativa precisa ser "montada", porque depende muito em qual conceito subcultural ou de moda ela está inserida. Exemplo: moda retrô/pin up: não é elaborada. SE TORNA elaborada dependendo da forma que a pessoa se monta, mas as peças, isoladamente, são clássicas. E aqui chego no comentário da Ana e sobre a moda evangélica, o foco da modelagem delas é o que? O clássico. Então caímos nas peças inspiradas nas décadas de 1940,1950 e 1960 - que são referências também da Moda Retrô/Pinup.
      Por isso eu não me espanto que vc encontre coisas na moda evangélica, porque são clássicas. E precisamos tirar da mente que toda moda alt é elaborada. Depende de onde ela veio ou a proposta.

      No exterior tem muita peça alt mais corporate, porque eles tem cultura de moda "maior" que a gente. Eles criam influenciados por várias outras estéticas (como retrô) e pelo estilo de vida. Se reparar, várias peças da QoD tem apelo retrô-clássico-corporate.

      O Corporate é o quê? O social. O clássico. O Corporate Goth? Tudo isso + influencia vitoriana (que a Kitty fazia). Percebe como períodos históricos, tipos de moda se interligam com as subculturas? Por isso é importante que nossos lojistas conheçam historia da moda e adquiram cultura de moda - porque a Moda Alternativa é riquíssima e não dá pros brasileiros ainda pensarem que ela é "limitadora". Precisa-se ampliar o olhar e leitura sobre as roupas.

      Renda: tem umas rendas super macias... daí vc teria que rodar loja procurando porque eu não sei se elas tem um nome específico, mas suspeito que elas tenham um pouco de viscose ou algo assim, porque não pinicam nada! ;)

      A vatagem de você comprar peça masculina é que pode mandar ajustar. Camisa é dificil faze rmesmo, então eu sugiro que quando for possível comprar, compre. Mas quando aprender a costurar, daí você pode tentar fazer (nunca tentei) :)

      Lembro que você comentou comigo desse medo inconsciente de ousar. Não lembro se foi contigo que comentei que eu já fui assim. Mas foi pelo modo que fui criada, muito minimalista, demorou um tempo pra eu me elaborar e perceber que aquilo tinha a ver comigo sim, que eu não precisava ser uma cópia minimalista da minha mãe e da irmã. Hoje isto está superado. Só fico básica e minimalista propositalmente.

      Se você não se sentir 100% satisfeita com o estilo que busca, pode ser por falta de hábito de se ver daquele jeito ou pode ser que falte representação de outra faceta sua, que você não seja somente corporate, que tenha um "algo mais" que ainda não identificou.

      Mas sabe que o perigo da Moda está em todo lugar, não só nas Fasts? Tem muita loja "normal" que importa da Ásia - dá pra ver a etiqueta e talz - o problema com as fasts é que elas jogam um lucro muito alto, sendo que a roupa poderia ser vendida por metade do preço e eles ainda lucrariam no volume de venda. E se você busca algo mais justo, menor escala ou artesanal... daí é preparar o bolso, pq é mais caro :(

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