quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Tchau ao blog - ou "por que não me designo mais como gótica"

Vai fazer quase um ano que não escrevo no blog.
Muita coisa mudou em um ano. Agora moro em outro lugar, tenho duas gatinhas, muitas responsabilidades, muitas metas diferentes. 
Trabalhei em algo que sempre sonhei e acabei ficando quase louca por falta de despreparo. Deixei o que fazia e fiquei 21 dias em trevas fortes, tão fortes que cogitei me suicidar. Mais de uma vez. E neste processo de auto conhecimento, de saída deste estado depressivo, de interiorização, fui vendo coisas e amadurecendo outras.

A primeira coisa que percebi é que meu visual, infelizmente, estava me prejudicando no trabalho. Não, não deixei de usar preto, coturno, batom colorido escuro. Mas não faço mais isso no trabalho tudo junto, porque as pessoas achavam que eu não sou uma pessoa acessível e isso estava me ferrando de verdade. Por mais que exista uma impressão errada, não posso ficar p*** com as pessoas: elas estão no direito delas, e eu ser a pessoa que não compreende a falta de discernimento destas pessoas não ajuda ninguém - muito menos me ajuda - e só cria mais impressões ruins. Ter sofrido assédio moral pesado por conta disso me mostrou que eu precisava me defender neste momento, não chutar balde, porque não tenho as condições psicológicas necessárias para ir a luta. Preferi me curvar do que me desgastar, porque não tenho forças ainda para tanto. Preciso estar no topo para poder impor meu eu. É fato.

A segunda coisa é que eu mudei um pouco meu gosto. Amo alfaiataria mas comecei a gostar de outros detalhes, como fendas, metais, transparências, estampas mais vivas. O que é vendido hoje não encaixa no que gosto. A solução será reformar roupas de segunda mão, ou fazer do zero. E esta é uma das minhas metas deste ano. Não sei porque mudou, se foi reflexo do meu amadurecimento, ou influencia de pessoas que fui convivendo. 

A terceira, e esta é a principal, é que eu cansei do movimento gótico. O gótico veio do punk, um movimento de contestação e protesto, de inovação. E não vejo isso hoje. Vejo muita compra da China, ignorando a exploração. Vejo muita compra de maquiagem, produtos para cabelo, parceria para acessórios, visuais...mas não vejo a contestação. É só visual. Não tem mais individualidade.

Ao longo do ano fui revendo meus hábitos. Comprei batons que estão fechados ainda, brincos que não usei, sapatos ainda não estreados. De repente o que eu queria era parar e simplificar, comprar mais produtos veganos e fazer os meus cosméticos em casa, reformar roupas, comprar itens que duram muito (mesmo que o preço assuste), aprender novas formas de reformar, reaproveitar, diminuir consumo. Acertar o que como, por que como e como eu como. Mais orgânicos e menos álcool.

Acho que o que mais me tocou foi pensar e ler sobre o esforço das pessoas e as consequências deste esforço para melhorar o mundo, conscientizar as pessoas. O que posso fazer para mudar o mundo mesquinho, preconceituoso, racista, que eu vivo? Só protestar no Facebook não é suficiente. Posso gastar aqueles $$$$ daquela bota em ração para gatos do abrigo. Posso deixar de comprar make todo mês para comprar alimentos orgânicos. Parar de ir no bar ver cover para promover os artistas locais. Ou posso ir numa ONG ajudar. Mais poesia, mais pintura, mais conversas com o pessoal e menos no Facebook.

E aí decidi que não quero rótulo. Até porque nunca soube se o rotulo de gótica de fato combinava comigo. Muitas pessoas diriam que não, e acho que estão certas, porque no contexto atual eu não encaixo mesmo. E nem quero.

Então decidi encerrar por aqui. Não vou dizer adeus total, porque posso ter uma recaída. Mas no que tem sido popular na blogosfera, eu não apareço. E nem pretendo. Vou me focar no que tenho como resoluções para minha vida, e se tiver espaço para blogar de novo, quem sabe?

Até lá, fica um abraço e uma lembrança.

Beijos!












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