Em um post anterior, comentei
sobre tatuagens. Neste post, quero falar sobre tatuagens em ambientes
corporativos.
Quando fiz minha primeira tatuagem,
escolhi fazer nas costas para não enjoar dela, afinal não a veria com frequência.
Mas também fiz por ser fácil esconder. Eu sabia que muitas profissões ainda não
aceitam tatuagens a mostra. A profissão que visava não era tão rigorosa, mas
aquelas pessoas que me avaliassem talvez fossem. Assim, preferi fazer de forma
a escondê-la.
Anos mais tarde, quando já
tinha mais duas tattoos, eu percebi o impacto de ter tatuagens em certos
ambientes. Meus alunos não sabiam que eu tinha, e assim que perceberam foi uma
bagunça total – puxaram a minha blusa para ver melhor, fizeram piadas. Eu perdi
o respeito que tinha cultivado arduamente, por ser mais nova que alguns dos
meus alunos e ter pouca experiência. Foi aí que percebi que a tatuagem conta
uma parte de sua história, e ela tem impacto nos outros.
Meus empregadores não
sabiam das minhas tatuagens. Então, não sofri preconceito. Mas já vi pessoas
serem mal tratadas (uma amiga teve um chefe que sugeriu a ela cortarem o
desenho fora). Aqui entram as leis. O artigo 3º da Constituição
brasileira, no entanto, determina que um dos objetivos fundamentais da
República é “promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Algumas empresas
possuem um padrão estabelecido de aparência, que inclui pessoas não tatuadas. É
chato? Claro. Mas acontece, e muitas vezes quem te entrevista não te conta que
foi por causa disso. A sociedade tem mudado sua mentalidade, mas ainda não
mudou totalmente. Aceitemos isso. Mas não aceitemos preconceito.
Já li argumentos dos mais diversos, como este:
“É claro que todos têm o direito de se
embelezar - e gosto não se discute. Mas essas pessoas sabem que vão enfrentar
barreiras no mercado de trabalho. O exagero na auto-expressão cria obstáculos
para tatuados e "espetados" no relacionamento com outras pessoas e no
ambiente de trabalho. Mas, como o motivo principal é a rebeldia, quanto mais
resistências encontram, mais eles se satisfazem, vendo na atitude dos outros
inúmeros motivos para acioná-los na justiça. (...) Enquanto o posto de trabalho
for de propriedade do empregador, o assunto é insolúvel. Ele sempre vai achar
algum motivo para evitar empregar quem não deseja. É claro que campanhas de
esclarecimento sobre infrações legais ajudam os empregadores a serem mais
flexíveis. Mas as mesmas campanhas têm de sinalizar aos candidatos a empregos a
necessidade de limitar seus impulsos artísticos se de fato querem trabalhar em
companhia de outras pessoas e em ambientes nos quais a aparência é parte da
competência. Essa é a chave do problema. No mundo atual, competência não se
restringe a conhecimentos. Ela inclui apresentação, atitudes e comportamentos pequenos?”
(vi aqui).
Por
mais grosseiro que pareça, o autor desta declaração tem razão ao dizer que a
vaga pertence a quem emprega. Isso é fato. Mas discordo quanto a parte da
rebeldia. Sobre
isso, o que eu proponho a quem tem tatuagens e trabalha em um ambiente
corporativo, é que adote uma estratégia que favoreça todo mundo. Já ficou
comprovado que quando partimos para conflitos diretos, a tendência é sermos
rotulados de rebeldes, revoltados, encrenqueiros. Isso nunca ajuda ninguém,
pelo contrário. Queima o filme de todos que vem depois que o encrenqueiro ser
mandado embora. Sim, porque ele será mandado embora. As desculpas? “Cortes de
orçamento... remanejamento de pessoal... novo perfil de empresa... capacidades que
você não possui para o cargo...” e etc. Não sejamos egoístas, vamos pensar
coletivamente. Só um exército unido ganha guerras. E assim adotemos uma estratégia esperta.
Quando li “A arte da
guerra para mulheres” de Chin Ning Chu, inspirado no livro de Sun Tsu, li uma frase que
me marcou: “Aquele que modifica a tática conforme a do
oponente para alcançar a vitória é um guerreiro divino.” A partir dali, comecei a adaptar a minha estratégia
ao meu ambiente de trabalho, usando a mesma ideia de Chin Ning Chu.
Se o ambiente é formal e você perceber que não há tatuagens a mostra,
pense se quiser trabalhar lá. Você quer? Ótimo, assuma seu desejo e mescle-se
com o ambiente. Esconda as tatuagens e pareça igual aos outros, assim seu
empregador verá você como parte integrante da equipe, não como alguém que
destoe. Quem destoa é inimigo.
Vá mostrando sua competência. Esforce-se ao máximo, não porque você tem
algo a provar, mas porque você é capaz e sabe disso. Você merece estar ali. Seu
chefe, se for uma pessoa íntegra e esperta, perceberá que você é um membro
valioso da equipe. E vai querer você ali com ele, ajudando.
A partir daqui, já temos duas situações. Se seu chefe é uma pessoa
amiga, abra o jogo e fale das tatuagens, do seu estilo, a história delas. Ele
não vai se importar se você começar a mostra-las – você já mostrou que entende
do que faz, e faz muito bem. Ele vai alertá-lo se for dar problemas. Mas se não
tiverem amizade para tanto, tente ir aos poucos, mostrando devagar. E peça um
feedback discreto. Seu chefe reprovou? Não insista. Ele nem ligou? Vá em frente
com calma. Afinal, você é tão gente boa e sociável, e tão competente, por que então
implicarem com seu corpo?
Se você tem tatuagens que não dá para cobrir, aceite que na entrevista
seu empregador pode te dispensar por causa disso. Se você não for aceito,
avalie: provavelmente você não ia se sentir à vontade naquele ambiente.
Já no trabalho público, teoricamente quem tem tatuagens é aceito sem
restrições. Aqui caímos em uma situação bem complicada. Pode ser que você seja
tratado diferente, e tenha mais dores de cabeça. Mantenha competência em foco,
e não brigue se não for necessário meeeeesmo. Você é superior a isso e se tiver
paciência, você chega lá. Na dúvida, tente a estratégia que comentei.
E sobretudo prove que você é uma pessoa evoluída. Pessoas comuns brigam que nem loucas. Pessoas evoluídas brigam de forma eficaz.
E sobretudo prove que você é uma pessoa evoluída. Pessoas comuns brigam que nem loucas. Pessoas evoluídas brigam de forma eficaz.
Fontes: 1, 2, 3, 4
Atualizado em 08-10-2014:
Li esta matéria na Superinteressante, e recomendo ler! É sobre o censo das tatuagens do Brasil.
Atualizado em 08-10-2014:
Li esta matéria na Superinteressante, e recomendo ler! É sobre o censo das tatuagens do Brasil.
Carpe diem, carpe noctem, finis est initium.
Este é um dos motivos que me fizeram desistir de fazer tatuagem, principalmente porque imagino que irei dar aulas e etc. E também porque acredito que tatuagens podem ser escolhidas "pela beleza", mas no fim, sempre tem um significado subconsciente... ai como quero viajar bastante, prefiro não me "datar" ou adotar talvez uma simbologia que possa ter sido distorcida pelo imaginário popular... sabe como é. /: Beijo Vivs!
ResponderExcluir4sphyxi4.blogspot.com.br